Chopin
- Carlos Alencar
- 15 de jun.
- 13 min de leitura
Atualizado: 2 de ago.
Dedicado à Nikola Socha e a todos os leitores Poloneses da EDJP
Introdução:
Quando se pensa em Chopin, o olho da mente é, inevitavelmente, atraído por três palavras: romântico, revolucionário e polonês. Por mais que sejam esses excelentes vocábulos, cabe a ele também os títulos de fantástico, delicado, eterno, sofrido e, por fim, de veridicamente pianista. Chopin trata-se do grande mestre mais exclusivamente pianístico da história: de suas mais de 220 obras, cerca de 94% são para piano solo, sendo a maior parte das restantes para piano e acompanhamento. É o maior mestre do período Romântico e um tesouro da arte.
Infância e Descoberta Musical:
Fryderyk Franciszek Chopin nasceu no dia 1º de março de 1810, em uma mansão do distrito de Sochaczew, na pequena vila de Żelazowa Wola, Polônia. Seus pais eram Mikołaj e Tekla, respectivamente um professor de francês bem-sucedido e uma pianista amadora. Seis meses após seu nascimento, a família mudou-se para Varsóvia, onde o pai fora contratado para lecionar no liceu. Fryderyk foi o segundo filho do casal, precedido por Ludwika, figura importante em sua vida, e sucedido por mais duas irmãs. Foi Ludwika sua primeira instrutora de piano; embora fosse apenas três anos mais velha, incentivou-o a tocar e ensinou-lhe o que já sabia.
O pequeno Chopin, como antes o fizera Mozart, chamou a atenção dos pais por sua facilidade com o instrumento. Devido ao rápido progresso, em 1816 seus pais contrataram o pianista tcheco Wojciech Żywny como seu professor. Com ele, Chopin foi introduzido às obras de Bach e Mozart e foi incentivado na arte do improviso e da composição. Não demorou para que recebesse a alcunha de prodígio. Nos anos seguintes, apresentou-se nas casas da aristocracia de Varsóvia, ganhando renome como intérprete e improvisador. Suas primeiras composições incluem uma Polonaise em Sol menor, outra em Si bemol menor e algumas marchas e variações, hoje perdidas.
Quando chegou aos 12 anos, Wojciech comunicou à família que o menino o superara e que era hora de encontrar-lhe um novo mestre. Dali em diante, Chopin não voltou a ter aulas tão regulares com nenhum outro professor, mas estudou piano e órgão com o virtuose Wilhelm Würfel e composição sob Józef Elsner. No ano seguinte, ingressou no Liceu de Varsóvia, onde estudou múltiplas línguas, história da Polônia, geografia, ciências, matemática e canto. Permaneceu lá até o fim de 1826, quando concluiu seus estudos e ingressou para o curso de composição no Conservatório de Varsóvia.
Conservatório, Viagens e Exílio:
Foi durante seu tempo no Conservatório que Chopin compôs as primeiras obras que o eternizariam: as Variações sobre um tema de "Don Giovanni" (Op. 2), a Sonata em Dó menor (Op. 4) e a Grande Fantasia em Lá maior "Árias Polonesas" (Op. 13). Formou-se em julho de 1829, laureado com o título de "Gênio Musical". Logo após, partiu em viagem, rumo a Viena, passando por várias cidades no caminho. Chegou lá em junho.
Chopin foi um sucesso absoluto. Seu primeiro concerto em Viena foi realizado no Kärntnerthortheater, teatro onde já haviam sido estreadas peças de nomes como Haydn, Mozart, Salieri, Beethoven, Schubert e Weber. No dia 11 de agosto ele tocou suas Variações (Op. 2) e improvisou; foi ovacionado. Sua segunda apresentação foi uma semana depois, nessa última ele tocou, além do repertório da primeira, o seu Rondo à la Krakowiak (Op. 14); foi, para sua surpresa, mais ovacionado do que já o havia sido na anterior. O gênio retornou de Viena em setembro, a viagem havia sido extremamente produtiva, não só fazendo decolar sua carreira como interprete mas também expandindo seus horizontes musicais, tendo assistido diversas apresentações e conhecido figuras importantes como Carl Czerny e Conradin Kreutzer.
O ano seguinte, passado em Varsóvia, foi recheado de apresentações bem-sucedidas. Não se podia saber, no entanto, que aquele seria seu último ano na Polônia. O concerto de despedida ocorre no dia 11 de outubro, más pressentimentos o impeliram a ficar em Varsóvia até a chegada de novembro, quando as pressões pela viagem superam os medos, inexplicáveis, de que algo estava por vir. O tempo não poderia ter sido mais preciso, no dia 29 de novembro de 1830 começou o Levante de Novembro. Para mais informações sobre essa revolução Polonesa contra o domínio Russo, ler referência disponível ao fim desse artigo.
Os próximos oito meses foram passados em Viena. Chopin foi compelido a não retornar tão cedo, a revolução se tornara sangrenta e seria melhor para ele continuar longe do caos; a situação toda o deixou um tanto magoado, sendo ele um nacionalista, a ideia de não lutar pelo seu pais lhe doía muito. Composições desse tempo incluem nove Mazurcas (Op. 6; Op. 7), algumas Nocturnes (Op. 9), dois estudos que mais tarde viriam a compor sua primeira coleção de Études (Op. 10) e a Polonesa em Mi bemol Maior (Op. 22).
O fim de seu período em Viena se deu no dia 20 de julho de 1831. Chopin tinha interesse em conhecer novos cenários musicais e pensava que Paris era o próximo passo mais natural. Viena continuaria a ser um dos grandes centros musicais do mundo, no entanto, o fato é que: assim como os tempos eram novos, o coração da arte também era novo; a vanguarda pertencia a Paris e era lá que Chopin deveria estar. Pouco menos de dois meses depois de partir, quando se encontrava na cidade de Stuttgart, recebeu notícias de casa: a revolução havia sido derrotada; cidades em chamas, amigos desaparecidos, provavelmente capturados o possivelmente mortos. Paris deixou de ser uma escolha, retornar significava sofrer a dupla-punição de ser um nacionalista derrotado e de ter que ver seu país em ruínas. Forçado ao exílio pela guerra, Fryderyk Chopin chegou em Paris no dia 5 de outubro, lá adotou o nome pelo qual o mundo viria a conhecê-lo: Frédéric François Chopin.
Paris, o Centro do Universo:
Estar em um epicentro cultural tem suas vantagens e desvantagens. Enquanto Chopin era um filho amado em Varsóvia e um gênio renomado em Viena; em Paris, era, simplesmente, mais um no mar de pianistas. Após sua chegada conseguiu fazer uso das poucas cartas de recomendação que tinha para se fazer conhecido dos grande mestres italianos da ópera daquele tempo, dentre eles: Rossini, Paër e Cherubini. Através de seu contato com Paër, Chopin, tornou-se íntimo de Friedrich Kalkbrenner, possivelmente o pianista mais famoso daquele tempo.
Apesar dos contatos, ele teve muita dificuldade para preparar sua estreia em Paris. Originalmente planejada para dezembro de 1831, teve de ser adiada para Janeiro de 1832, e depois reagendada uma vez mais, para o dia 25 de fevereiro. O repertório contou com seu Concerto para Piano em Mi menor (Op. 11) e com suas Variações (Op. 2). Paris fora então tocada pelo Midas da música, a cidade foi a loucura. Com sua estreia Chopin deixou um marca no público e na elite musical de Paris; dentre os presente na apresentação encontrava-se o gênio romântico, Franz Liszt, que se tornou um grande amigo. Depois dessa apresentação a vida de Chopin em Paris tomou rumo, ele foi contratado como professor particular em diversas casas da aristocracia e se tornou parceiro da vanguarda musical da época, futuros mestres como Hiller e Berlioz.
No período que se seguiu a sua decolada musical Chopin teve tempo de publicar várias peças que havia composto durante sua vida antes de chegar a Paris e algumas peças novas. Dentre as composições novas publicadas na primeira metade da década de 1830 encontram-se: a sua famosa coleção de Études (Op. 10), na qual já vinha trabalhando há alguns anos, seu conjunto de Variações Brilhantes (Op. 12), o trio de Nocturnes (Op. 15), sua famosíssima Grande Valsa Brilhante (Op. 18), seu primeiro Scherzo (Op. 20), as Mazurcas (Op. 24) e as Polonaises (Op. 26).
Anos de Ouro:
Enfim, a Era de Ouro de sua vida. Ele começa a integrar o grupo da vanguarda; Liszt Berlioz, Hiller e Mendelssohn tornam-se companhias regulares, um quinteto digno do maior renome e de todas as honras. Eles se encontram com altíssima frequência. Suas tardes musicais são verdadeiras nebulosas artísticas, improvisa-se, canta-se e dança-se, tudo num espírito explorador. Eles realizaram diversas apresentações públicas, conquistando o amor da Europa com sua arte.
No ano de 1835, Chopin viveu um encontro importante. Por meio das cartas de seu pai, ficou sabendo que ele e sua mãe estariam por alguns dias na região de Karlsbad, atual República Tcheca, aproximadamente na metade do caminho entre Varsóvia e Paris. Quis surpreendê-los e, secretamente, viajou para a cidade. A felicidade não poderia ser maior, eles não se viam desde sua partida, pouco tempo antes do início do Levante; passaram um mês juntos, os pais estavam maravilhados com o homem que o filho havia se tornado, mantendo ainda muito do que era antes. Sua mãe demonstrou preocupação com uma certa tosse que ele tinha e pediu que ele fosse ao médico. Foi a última vez que se encontraram, depois disso ele voltou para Paris em Outubro, após viajar um pouco pela Alemanha.
Foi também durante sua Era de Ouro que Chopin conheceu sua maior paixão: Amandine Dupin, mais conhecida pelo pseudônimo literário: George Sand, possivelmente, a maior romancista da França. Seu primeiro encontro, no final de outubro de 1836, foi um verdadeiro fiasco, múltiplos relatos indicam que Chopin teve uma péssima impressão de Sand, que, diga-se de passagem, era uma figura muito peculiar: fumava muito, o que não era nada atraente para os padrões feminino da época, e costumava usar roupas masculinas. Apesar da má impressão inicial, Sand acabou entrando para o ciclo íntimo de Chopin, frequentando suas tardes musicais. No ano seguinte fez diversos esforços para se aproximar do compositor.
Por volta do fim de maio de 1838 sua relação se tornava um tanto mais íntima, resultando em uma viagem para Maiorca, que dura de meados de outubro do mesmo ano até meados de fevereiro do ano seguinte. Em Maiorca, Chopin foi um compositor prolífico, tendo concluído a sua coleção de Prelúdios (Op. 28) e trabalhado em peças como a Balada em Fá menor (Op. 38), o Scherzo em Dó sustenido menor (Op. 39), a dupla de Polonaises (Op. 40), e duas das Mazurcas do Op. 41. Apesar de ter sido um momento muito produtivo, não se pode dizer que tenha sido lá uma viagem muito prazerosa, pouco depois de chegar, a saúde de Chopin, já há tempos frágil, teve uma decaída.
Esteve muito doente, cuspindo sangue e com muita tosse, em uma carta ele comenta que os médicos locais o diagnosticaram como um morto-vivo. Ademais, a doença de Chopin deixa os locais receosos e até um pouco amedrontados, o que os levou a encurtar a viagem devido à passagens violentas. A volta da viagem ajudou-lhe em nada, para sair de Maiorca fizeram uso de uma embarcação que transportava porcos, o cheiro e o constante guincho dos animais piorou a condição de Chopin, que, ao chegar em Barcelona teve de ficar uma semana sob cuidados médicos; e depois mais três meses em Marseille, convalescente.
Apesar de eventuais episódios de má saúde, os próximos anos vividos por Chopin se encontram entre os melhores de sua vida. Chegou-se a um bom arranjo entre sua vida de compositor, professor e interprete. Chopin compunha durante os verões, na vila de Nohant, 300 quilômetros ao sul de Paris, e passava o resto do ano na capital, lecionando e participando de concertos. Nesses anos finais de sua era de ouro compôs suas peças mais maduras, dentre elas: as coletâneas de Nocturnes (Op. 48; 53; 62), suas Baladas em Lá bemol maior (Op. 47) e em Fá menor (Op. 52), sua Sonata em Si Menor (Op. 58) e diversas outras peças.
Saúde em Declínio e Partida:
A morte de Chopin se dá pela forma mais apropriada possível para um gênio romântico: morreu de amor. Sua saúde já ia frágil, no entanto, foi só em 1847 que lhe veio o derradeiro golpe. O rompimento com George Sand foi demais para suportar. Viu-se rodeado de dívidas e cada vez mais incapacitado fisicamente, o que o impedia de trabalhar e fazia crescerem as dívidas. Diagnosticado com tuberculose, o "tratamento" médico envolvia sangrias e ópio, sua saúde já frágil não suportou as torturas por muito tempo. Depois da separação, Chopin não concluiu mais nenhuma peça, ele estava incapaz de compor.
Apesar de tudo Chopin ainda foi capaz de duas últimas exaustões: a primeira, no dia 16 de fevereiro de 1848 fez sua despedida de Paris, tocando um repertório extenso: Études, Prelúdios, Mazurcas, Valsas, sua Berceuse em Ré bemol maior (Op. 57) e sua Barcarolle em Fá sustenido maior (Op. 60). Além de suas obras, também acompanhou um Concerto para Cello em Sol menor por Franchomme e tocou o Trio em Mi Maior de Mozart. A segunda exaustão, essa um tanto maior, foi uma viagem à Londres, onde realizou diversas apresentações em salões da aristocracia e grandes teatros, o ápice da viagem tendo sido uma apresentação para a Rainha Vitória.
Seu último concerto público aconteceu no dia 16 de novembro de 1848, em Londres. A arrecadação do concerto tinha como destino imigrantes poloneses que passavam dificuldades. No dia 24 de novembro ele retorna para Paris, onde passa seus últimos meses. Fryderyk Franciszek Chopin morreu na virada da noite do dia 17 de outubro. Seus últimos dias foram passados na companhia de sua irmã Ludwika, que cuidou dele em seu leito de morte. Cumprindo ordens de Chopin, seu coração foi removido e enviado de volta a Polônia, onde se encontra até os dias de hoje, na Igreja da Santa Cruz, em Varsóvia, sua terra natal.
Obras Essenciais:
Sonatas
Embora não tão numeroso como as corpus de sonatas que nos foi legado por mestres como Mozart e Beethoven, as sonatas de Chopin não deixam a desejar em nada. São peças desafiadoras, reservadas para aqueles pianistas profissionais mais versados na técnica e na expressividade. Das suas três sonatas escritas duas foram publicadas em vida, a Sonata em Si bemol menor (Op. 35) e a Sonata em Si menor (Op. 58). A sonata publicada postumamente foi escrita durante sua juventude, por volta dos 18 anos de idade e é escrita na tonalidade de Dó menor. Apesar de a forma "sonata" não ser uma das primeiras que vem a mente quando se pensa em Chopin, um dos temas de sua Sonata (Op. 35) encontra-se entre os temas mais populares do mundo, a "Marcha Fúnebre".
Concertos
Seus concertos para piano foram escritos durante sua juventude na Polônia. Com o objetivo de consolidar sua carreira como virtuoso do piano, os dois concertos: Mi menor (Op. 11) e Fá menor (Op. 21) são peças titânicas. Sendo obras da juventude, estão carregada de um diálogo entre a tradição Clássica e o emergente estilo brilhante do período Romântico. O Op. 11, por exemplo, começa com uma orquestração contida que logo cede espaço a temas de caráter quase operístico, o Op. 21 destaca-se por suas passagens poéticas do segundo movimento. Ambos os concertos, apesar de suas raízes clássicas, já anunciam o compositor inovador que transformaria o piano em veículo de emoção íntima e grandiosidade heroica.
Baladas
As baladas são um caso curioso, um gênero essencialmente inventado por Chopin e depois adotado por outros grandes compositores. Ele escreveu um total de quatro baladas: Sol menor (Op. 23), Fá maior (Op. 38), Lá Bemol menor (Op. 47), Fá menor (Op. 52). Nelas, o polonês compõe com liberdade genial, análises recentes apontam certas semelhanças entre a "forma-balada" e a forma-sonata. A mais famosa dessas peças, a Balada em Sol menor (Op. 23), foi eternizada na arrepiante cena do soldado alemão no filme "O Pianista" de 2002, estrelado pelo gênio do cinema Adrien Brody.
Nocturnes
Nocturne é possivelmente a coisa mais próxima de um quarto nome que Chopin veio a ter. Dentre as muitas peças que compôs foram justamente essas pequenas atmosferas as que mais se popularizaram. Através de seus 21 nocturnes Chopin expandiu o gênero criado por John Field a um patamar completamente novo e sublime. As principais rupturas se dão no campo do acompanhamento, trazendo uma mão esquerda muitíssimo mais desenvolvida, e do desenvolvimento temático substancialmente ampliado. A mais famosa delas é o Nocturne em Mi bemol maior (Op. 9 No. 2), acessível para pianistas intermediários, uma das peças mais tocadas do mundo, diga-se de passagem.
Valsas
Tratam-se de algumas das valsas mais conhecidas de todo repertório pianístico. Abrangendo diversos níveis de exigência técnica, são mandatórias para qualquer estudante de piano que se preze. Assim como com boa parte dos gêneros no qual criou, Chopin expandiu significativamente as fronteiras de até onde uma valsa podia ir, tanto em um aspecto técnico quanto no quesito expressividade. Dentre suas valsas mais famosas têm-se a Valsa "do Minuto" (Op. 64 No. 1), a Grande Valsa Brilhante (Op. 18) e a Valsa "do Adeus" (Op. 69. No. 1). Chopin escreveu um quantidade substancial de valsas, muitas, infelizmente, foram parcialmente perdidas.
Prelúdios
Chopin publicou um total de 25 prelúdios em vida, sendo que os 24 primeiros se encontram no Op. 10 e o vigésimo quinto é o Op. 45. Assim como com as valsas, contem desde peças estudantis, como No. 4, em Mi menor, até peças profissionais, como o No. 24, em Ré menor. Seu Op. 28 é uma coletânea digna de renome, abrangendo prelúdios em todas as tonalidades, tanto maiores quanto menores. Eles oferecem ao pianista o duplo-serviço de peça introdutória e de peça independente, a depender do critério e objetivo do interprete.
Études
Os estudos de Chopin fazem parte de uma distinta categoria de obras que mudaram o rumo da música. Divididos entre o Op. 10 e o Op. 25 essas peças revolucionaram por completo o gênero Étude, elevando-o de peças simplesmente mecânica e técnicas ao patamar de músicas verdadeiramente dignas de grandes salas de concerto. Os estudos de Chopin trazem ao mundo a união perfeita entre um grau altíssimo de expressividade aliado com uma técnica virtuosística merecedora das mais altas honras. Diferentemente dos prelúdios e das valsas, os estudos não se encaixam em mãos principiantes, sendo mais apropriados para pianistas intermediários e profissionais. Dentre os mais famosos deles, encontram-se: o Op. 10 No. 1 "Cachoeira", o Op. 10 No. 3 "Tristesse" e o Op. 10 No. 12 "Revolucionário".
Polonaises
Embora seu corpo tenha sido exilado, Chopin jamais permitiu que sua mente deixasse a Polônia. Ao longo de sua vida foram públicadas um total de sete Polonesas para piano solo, sendo que só a primeira destas foi escrita antes do exílio, a Polonaise em Dó maior (Op. 3). Tratam-se de peças muito exigentes no quesito técnica, na Polonaise "Heroica" (Op. 53), por exemplo, esse virtuosismo beira o transcendental. Com Chopin, essas danças elegantes em ritmo 3/4 vão muito além de simples peças, tratam-se de verdadeiros hinos Poloneses, odes à história de um grande povo.
Mazurcas
As Mazurcas constituem, em termos percentuais, cerca de 25% da obra de Chopin. O grande mestre dedicou um total de 13 números de Opus a essa peças; sendo que cada Opus contém, em média, quatro Mazurcas. Elas vão de peças fáceis até avançadas, abrangendo uma ampla gama de técnicas e desenvolvimentos. Através delas, assim como com as Polonaises, Chopin consegui manter a Polônia consigo ao longo de sua vida.
Outras Peças
São gênios como Chopin que fazem da música um assunto inesgotável. Mesmo tendo já tendo comentando sobre suas principais obras, remanescem alguns tesouros merecedores de menção:
Impromptus: Peças por natureza livres em forma. Chopin publicou 3 impromptus em vida, sendo mais famoso o quarto, que foi publicado postumamente, o eterno Fantaisie-impromptu (Op. Póst. 66).
Scherzos: Nos Scherzos encontramos uma ampla variedade de Chopins, indo de um peso dramático até uma leveza quase humorística. Chopin escreveu Quatro Scherzos, sendo mais famoso o segundo.
Rondós: Chopin escreveu três Rondós para piano solo e um para duo de pianos. Todos foram escritos durante sua juventude. Sua primeira peça publicada foi o Rondó em Dó menor (Op. 1). De maneira geral são peças exigentes.
Bibliografia de Aprofundamento:
Franz Liszt. Life of Chopin. 1863. Disponível em: https://www.gutenberg.org/cache/epub/4386/pg4386-images.html Acesso em: [08/06/2025]
KUZEMKO, Jan A. Chopin's illnesses. Journal of the Royal Society of Medicine, v. 87, n. 12, p. 769, 1994. Disponível em: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC1294992/pdf/jrsocmed00078-0059.pdf. Acesso em: [15/06/2025]
Narodowy Instytut Fryderyka Chopina. Life. Disponível em: https://chopin.nifc.pl/en/chopin/etap-zycia/1_fryderyk-franciszek-chopin. Acesso em: [07/06/2025]
Narodowy Instytut Fryderyka Chopina. Calendar. Disponível em: https://chopin.nifc.pl/en/chopin/kalendarium/117_lata-dzieciece-18101816/46. Acesso em: [07/06/2025]
Wojciech Stanisławski. The November Uprising: More Than a Romantic Rebellion. Disponível em: https://polishhistory.pl/the-november-uprising-more-than-a-romantic-rebellion/. Acesso em: [15/06/2025]